A primeira entrevista com uma blogueira, no quadro “Futebol de salto alto”, veio lá do Sul. Trata-se de uma garota muito meiga, divertida, ousada, enfim... Sou suspeito para falar dessa pessoa. Colorada ao extremo, acertou quem disse que é Marcela Muniz Semler, ou simplesmente Marcelinha! Ela tem 26 anos, é estudante de Nutrição, mas acima de tudo uma torcedora fanática. Vai a todos os jogos e empurra o time o tempo todo lá da Popular (Organizada do Internacional)! Como blogueira, escreve para o Blog do seu time chamado Nação Gigante (
http://nacaogigante.blogspot.com/) onde ganha destaque por suas analogias (usando o cotidiano conectado ao futebol), para falar de cada momento vivido pelo seu Colorado! A história de como ela começou a escrever no Nação Gigante é fantástica, vale a pena conferir. Conheça agora Marcela Semler...
Como começou sua trajetória no Nação Gigante? Começou com a minha tatuagem do Inter. Sou moderadora em um chat do Colorado e o Jonathan, dono do Nação Gigante, viu a foto da minha tattoo quando fiz e pediu se podia postar ela. Respondi que sim, desde que identificasse como minha, já que cuidei para fazer algo que ninguém tivesse parecido. Então, ele teve a idéia de eu fazer um texto para postar junto com a tatuagem. Apesar do espanto, fiz e entreguei em 10 de agosto desse ano, sendo que o pessoal do Nação gostou muito. Desde então, faço parte desta família! Comecei como participação especial semanal e agora já sou administradora. Entrei no mundo dos blogs sem querer, nunca me imaginei escrevendo num. Contudo, hoje posso dizer que uni dois amores: o Inter e a escrita!
Em quem você se inspira? Sinceramente... Ninguém! Acho que tenho um jeito muito próprio de escrever e, inclusive, já ouvi isso de outras pessoas. Para mim é algo tão natural que parece uma brincadeira, sabe. Dá aquela idéia, o meu chamado "click", e eu vou lá e coloco tudo no papel ou no computador. Meus textos são muito versáteis, depende do dia e da imaginação para eles saírem de um jeito ou de outro.
Já sofreu preconceito por estar em meio ao futebol?Nunca. Somente tive problemas num relacionamento passado. O cara simplesmente me mandou escolher entre ele e o Inter! Não preciso dizer quem eu escolhi... O Inter!
Percebe-se um aumento significativo na participação de mulheres no esporte. Essa tendência deve se manter?Pelo que observo no Internacional creio que sim. A mulher está bem mais participativa e ativa nos clubes onde torcem. Inclusive, sou uma das mais novas filiadas da Força Feminina Colorada. É uma organizada somente de mulheres, a primeira na história do Internacional. Quebraram-se muitos tabus de antigamente e a presença feminina tornou-se mais comum e respeitada pelos homens no futebol. Acho que as arquibancadas andam mais charmosas e tem muita mulher, hoje em dia, que manja muito mais do que rola em campo do que muito marmanjo.
Qual o seu conselho para as mulheres que desejam viver em meio ao futebol, mas temem o preconceito?Que sejam elas mesmas. Não tem que se ter medo de nada e nem de ninguém. Mulheres e homens são capazes. Talento independe de sexo, raça e credo. Se esse é o sonho, se é o que querem fazer de suas vidas, sejam guerreiras e mostrem que são as melhores, mas nunca passando por cima de ninguém.
Em sua opinião, o preconceito contra as mulheres se deve a que? Ao machismo... Se uma bandeirinha mulher erra, por exemplo, é porque é mulher. “Onde já se viu mulher na arbitragem, mulher não sabe nada”... E o que se diz então da massa esmagadora de arbitragem masculina??? Porque são homens podem fazer todas as burradas que fazem e ter a falta de critério que tem??? Machismo não cabe em pleno 2009...
No Brasil encontra-se muito preconceito em relação às mulheres e o futebol. Você como mulher e amante do futebol acha que isto está mudando? O que seria necessário para exterminá-lo?Acho que está mudando sim. Cada vez mais a mulher vem conquistando espaço: em blogs, programas esportivos, arbitragem, times, nas arquibancadas... Basta continuarmos nessa luta e provar que há espaço para todos, que entender de futebol não é característica exclusiva do cromossomo sexual Y!
Já fez alguma loucura para poder torcer pelo teu time no estádio? Já. Na final da Libertadores, em 2006, contra o São Paulo. Eu saí fugida do trabalho e entrei escondida no carro do meu irmão que me esperava no estacionamento, tudo isso com a ajuda do porteiro que era super colorado. Antes das 15 horas já estava no Beira Rio, naquele dia inesquecível onde vi Fernandão erguer a taça (16/08/06)!
O que você mais foca, em seus textos, para falar do Internacional?Eu foco o momento atual vivido. Antes de escrever, procuro ler bastante, estar atenta ao momento do Inter. Procuro sentir como está o clima da torcida, do time... De acordo com a energia que eu sinto (momento de confiança, crise, não dá mais, vitória convicta, derrota inesperada...),é que nasce a linha que seguirei no que vou produzir. Então, busco uma idéia para seguir meu ponto mais forte, o da analogia.
Por que o uso de analogia para falar de futebol, em especial do seu time?Para produzir de forma diferenciada. Grande parte dos blogueiros, que por sinal manjam muito mais de futebol que eu (tenho bom conhecimento, mas acho que poderia saber muito mais), centram seus textos para uma forma mais objetiva, analisando técnica, tática, entre outros. A analogia me dá liberdade de criação e permite-me usar a imaginação. Sempre consigo ligar o futebol com algum momento do cotidiano, em especial da minha vida, o que também me aproxima do meu leitor.
Qual o perfil dos leitores do Nação Gigante?O Nação é acompanhado pelas mais diversas faixas etárias e torcedores. Contudo, vejo a presença mais forte de blogueiros e de adolescentes colorados. Temos um público jovem forte que nos acompanha, até mesmo porque meus parceiros de blog são todos mais novinhos, entre 16 e 18 anos. Mas para mim isso não é problema, pois gosto muito dessa faixa etária e creio que consigo produzir de forma que atraia esse público... Apesar de 26 anos, tenho uma alma muito moleca ainda...
Qual o post que mais te marcou?Impossível falar de um só... Mas sempre tem aqueles que marcam mais né!? Creio que meu primeiro post, o “Pelo nosso Amor”, por toda história envolvida nele; o Era uma Vez, que foi uma fábula que fiz sobre uma corrida entre os mascotes dos times do campeonato; “O Tal do Halls Preto”, o qual usei minha sexualidade na adolescência para falar da fase do Inter naquele momento (um texto que repercutiu bastante); o “Pausa para Reflexão” tratando do quase; e finalmente “O Homem Perfeito para Anna Clara”, onde o galã virou sapo, assim como o Inter de favorito estava se tornando decepção. Mas espero que o mais marcante venha 06 de dezembro, para falar do Tetra!
A 4ª edição do futebol se salto alto fica por aqui, agradecemos a blogueira Marcela Semler pela entrevista concedida ao ET, desejamos a ela muita felicidade. Na próxima quinta feira entrevistaremos a blogueira Jéssica Corais.
Equipe Esporte Total