domingo, 14 de agosto de 2011

África do Sul um ano após a Copa


No ano passado, vimos a África ser o centro das atenções mundiais durante os meses de junho e julho, quando ocorreu a primeira Copa do Mundo FIFA em solo africano. É vero dizer que muitos achavam que os africanos não seriam capazes de sediar um evento de tamanha importância, achavam que a África do Sul, a maior economia do continente, seria um fiasco diante dos olhares do mundo inteiro.

Pois então, um ano se passou e aqui estamos nós. O Brasil mais uma vez amarelou, a Argentina foi detonada, a Alemanha ficou no "quase" novamente e, finalmente a Espanha desencantou e conseguiu seu primeiro título mundial. Incrível, não? E quando assistimos às reportagens globais sobre o “País da Copa de 2010”, vemos um país desenvolvido, feliz, como se a Copa tivesse erradicado toda a miséria e deixado a África do Sul um país urbanizado, sem racismo e sem violência num simples estalar de dedos.

Reza a lenda que a Copa do Mundo muda o país, entretanto, o que vimos na África do Sul naquelas quatro semanas de euforia foi uma falsa mudança. Toda aquela infra-estrutura, aquela rede de transporte público e policiamento funcionaram somente durante o período do evento. A África ainda continua num estado calamitoso. Já foi pior, sim, mas não considero como desenvolvida uma cidade na qual o transporte público e comércio param às seis da tarde devido à enorme violência urbana. Quando vemos aquele trem-bala que construíram em Johanesburgo, pensamos “Nossa, a África agora se desenvolveu.”. Mentira! A televisão é sensacionalista. Aquele majestoso trem-bala só funciona mesmo na própria Johanesburgo, sem conexão nenhuma com a Cidade do Cabo, o pólo turístico e mais importante do país. Aliás, se você estiver na Cidade do Cabo e quiser ir a Johanesburgo, você será obrigado a pagar 150 dólares num vôo doméstico de duas horas de duração.

trem-bala em Johanesburgo

Pois então, falemos da Cidade do Cabo, que é uma cidade suntuosa, por sinal, com pessoas acolhedoras e paisagens naturais de tirar o fôlego, e seu estádio,o Green Point Arena, foi palco de jogos inesquecíveis – a citar, a goleada de 4 a 0 da Alemanha sobre a Argentina, que para mim, foi o apogeu de 2010. Entretanto, embora a cidade ainda respire um pouco do clima da Copa, esta não trouxe muitas melhorias significativas para a cidade. O aeroporto reformado é magnífico, para o qual podemos tirar o chapéu, mas o lugar não tem ônibus circulando frequentemente, pois o principal meio de transporte é van. Esta ainda termina seus serviços às 18:00h. Isto é inaceitável para uma cidade que vive de turismo. E o motivo? Os moradores dizem que a violência urbana na cidade é enorme e tudo, eu disse TUDO, incluindo comércio, feira, shoppings e supermercados. Todos fecham no mesmo horário. O meio de transporte alternativo de menor custo é o trem, que vai para locais mais afastados do centro. Este para às 19:00. Ou seja, se você estiver na Cidade do Cabo e quiser ir ao parque de diversões, pretendendo ficar até anoitecer, você não poderá lanchar no McDonald’s, porque senão perderá o horário do trem. E o único meio de transporte que resta é o táxi, que obviamente, arranca o couro dos passageiros. E o estádio? Virou museu. Fica aberto todos os dias, até as 17:00h, admitindo visitas mediante agendamento prévio.

Fico triste pela população, que apostou na Copa para melhorias na cidade. Pode até ter ocorrido algumas, entretanto, há muito ainda a se fazer. Afinal de contas, eles merecem um país muito melhor do que eles têm agora.

Vista do Green Point Stadium, Waterfront V&A e Table Mountain, ao fundo. Na Cidade do Cabo.

Daí é bom refletir: será que vale a pena achar que a Copa de 2014 e as Olimpíadas Rio 2016 vão trazer para o Brasil o desenvolvimento social que necessita? Acho melhor não sermos tão otimistas quanto a isso. Os dois eventos afetarão o Brasil de uma maneira muito positiva, não obstante, seria muito melhor se as mudanças feitas em prol deles perdurassem para a população, que cansou da falta de infra-estrutura e violência urbana. E quanto aos estádios construídos nas áreas futebolísticamente mais remotas do Brasil, eles certamente virararão museus após a Copa, pois não haverá times fortes o bastante para jogar e enchê-los de torcedores. Mas quem sou eu para julgar o projeto? Afinal de contas, Lula, como o presidente vigente na época, deveria saber muito bem aonde estava colocando o dinheiro público. Ou pelo menos deveria...

5 comentários:

Anônimo disse...

A AFRICA É UM PAIS DE UM POVO MUITO CARENTE,
QUE QUER QUE TUDO MELHORE, MAIS NAO É COM A COPA DE 2014 QUE ELE VAI MELHORA, EM VEZ DE GASTAR TANTO DINHEIRO COM A COPA,ERA USAR PARA MELHORA AS CONDIÇOES DO POVO....

Anônimo disse...

A Copa ajudou a África do Sul, o que é visível. Entretanto, não resolveu todos os problemas assim como a mídia diz que aconteceu. O impacto positivo da Copa foi bem menor do que andam dizendo.

Anônimo disse...

A AFRICA PRECISA DE AJUDA DE TODOS OS PAÍSES DESENVOLVIDOS, OU EMERGENTES, PRECISAM DE EDUCAÇÃO, ESPORTE E ACIMA DE TUDO PRECISAM DE AJUDA NO COMBATE AO VIRUS DO HIV - SE TODOS OS PAÍSES AJUDASSEM UM POUQUINHO
O RETRATO SERIA OUTRO.

Anônimo disse...

É UM ABSURDO ISSO QUE ACONTECEU NA AFRICA. E PROVAVELMENTE VAI ACONTECER EM PORTO ALEGRE-RS QUE TBM VAI TER JOGOS.

Anônimo disse...

A africa appos a copa ñ pode ficar descuidada mais uma vez vamos preserva-la

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